Liberdade

Eu cheguei a esta tela tridimensional com um registro quase insano de não deixar ninguém para trás.
A primeira manifestação desta quase insanidade aconteceu por volta dos cinco anos, quando cuidava de recolher todas as migalhas de pão na hora do lanche, para levá-las a salvo para casa.
A escola era um ambiente inóspito naquele momento.
E eu, uma figura estranha, na vasta paisagem.
De volta ao lar, me acalmava entregar a missão cumprida, às mãos de minha mãe.

Continuei assim ao longo do tempo, fazendo o mesmo com pessoas, animais, plantas... no lugar das migalhas. E sem mãe para entregá-las.
Este impulso só não se tornou insano, um fardo pesado demais para carregar, ao compreender amorosamente que tudo tem seu momento.
E ninguém é deixado para trás porque todos chegamos juntos de volta ao Lar...

Já fomos libertados...
Lembram?
As portas estão abertas...
A nós cabe apenas a missão de alçar o vôo.
O resto é esquecimento.